Resenha: Garotas de Vidro - Laurie Halse Anderson

• Título original: Wintergirls
• Editora: Novo Conceito 
• ISBN: 9788581630113
• Gênero: Drama
• Páginas: 272
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• Skoob: Garotas de Vidro

Lia e Cassie são amigas há anos, ambas congeladas em seus corpos. No entanto, em uma manhã, Lia acorda com a notícia de que Cassie está morta, e as circunstâncias de sua morte ainda são um mistério. Não bastasse isso, Cassie tentara falar com Lia momentos antes, para pedir ajuda.
Lia tem de lidar com o pai, que é um renomado escritor, sua madrasta e a mãe, uma cardiologista que vive ocupada, salvando a vida dos outros. Contudo, seu maior tormento é a voz dentro de si mesma, que não a deixa se esquecer de manter o controle, continuar forte e perder mais, sempre perder mais, e pesar menos. Bem menos.”

Resenha:

 Estou num momento de leitura de livros que não me atraem muito, não são meu foco, como dramas. Acho que esse tipo de livro tem o momento certo para leitura, temos que estar bem emocionalmente para encará-los. O livro Garotas de Vidro aborda um tema que eu sempre achei interessante. Anorexia, bulimia, distúrbios alimentares. Sempre quis saber mais sobre o assunto, e esse livro fala exatamente sobre isso. Estamos o tempo todo na cabeça de Lia, que está doente e não vê isso. Ou ela pode até ver, mas finge que não.

Lia tem 18 anos. Mora com o pai, que se separou de sua mãe e se casou de novo, com Jenifer, e com sua irmã Emma, de 9 anos. Ela não se dá bem com a sua mãe. Cada encontro termina em discussão. Lia acabou de perder sua melhor amiga, que também apresentava certos problemas com seu corpo. Cassie foi encontrada em um quarto de motel sozinha. Ela e Lia haviam brigado e, antes de morrer, Cassie ligou para Lia 33 vezes e.. ela não atendeu. Ela poderia ter feito algo pela amiga, mas não atendeu.

Agora misture isso tudo com o fato de que você deseja o seu corpo limpo de impurezas, não consegue ingerir algo que vá contaminar o seu corpo. O mínimo que você come é para conseguir seguir em frente. A vida de Lia é uma bagunça.

"As luzes piscam por trás dos meus olhos. Eu a conhecia como ninguém. Conheci suas festinhas do pijama, os biscoitos que fazia para vender, as paixonites por bandas de garotos e aquela vez em que quebrei minha perna andando na garupa da bicicleta dela e aquela vez em que a ajudei a pintar seu quarto de branco depois que ela tinha pintado tudo de preto, sem pedir permissão."

Esse livro é uma obra profunda, mostra o íntimo de uma adolescente em crise, vemos o tempo todo Lia tendo vários devaneios, alucinações. Não consigo pensar, imaginar uma pessoa que viva como ela, em um mundo onde tem que enganar a todos, em que luta para estar de pé, para ser a mais magra em um recinto. Ela vive para isso.

"Eu sabotei cada passo. Eu dizia como ela era forte e como ia ficar saudável e como eu estava orgulhosa dela e jogava na conversa quantas calorias tinha comido naquele dia, o número mágico na balança, o número de centímetros ao redor da minha coxa. Nós íamos ao shopping e eu fazia questão de usar o mesmo provador que o dela para que ela pudesse ver o meu esqueleto brilhando sob a luz fluorescente azul."

Dois personagens muito interessantes, de destaque para mim na trama, são Emma e Elijah. Emma, a irmã de Lia, é uma criança cheia de vida, de sentimentos, de calor. Lia sente vida quando está com ela, pode fazer coisas além da sua força. E Elijah, um rapaz que aparece na vida de Lia de uma forma estranha. A todo momento imaginei que ele salvaria tudo, o livro, as situações, o desespero, Lia. Ele me decepcionou um pouco, mas eu gostei bastante dele. Elijah é um ótimo personagem, assim como Emma, que com sua pureza traz Lia de volta a momentos de ralidade.

O mais triste disso tudo, é saber que essa doença está ai. Ela existe, está na nossa frente e nós não a vemos, não damos importância. Estar na pele de Lia me mostrou como é difícil, como podemos parecer egoístas, pois só pensamos em nosso peso, e que tudo está contra nós, que só pensam em nos encher de comida. Não pensamos no que nossos pais ou amigos pensam, desejam para nós, eles nos odeiam por sermos gordas. Assim pensa a Lia.

Laurie, a autora, fez um trabalho magnifico. Fiquei impressionada como ela relatou tudo tão verdadeiramente. Com tudo o que li, só pude imaginar que ela havia passado por tudo aquilo, de alguma forma. Mas no fim do livro ela explica todo o seu trabalho, como leitoras pediram que ela abordasse o assunto e ela saiu em busca de pesquisas e de médicos. Trabalho sensacional.

Se você chegou até aqui, leu essa resenha ENORME! kkkk Desculpe, mas o livro precisava, merecia. Eu adorei o final, a última palavra tinha muito significado. Uma simples palavra que muda tudo.

Nota:

Espero que tenham gostado e possam ler o livro.

Beijos,

Marcelle Dantas